GUERRA EM GAZA
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UE vai rever acordo de cooperação com Israel devido ao genocídio em Gaza
A Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, afirma que uma "forte maioria" no bloco apoiou esta medida para pressionar Israel.
UE vai rever acordo de cooperação com Israel devido ao genocídio em Gaza
“Os países vêem que a situação em Gaza é insustentável e o que nós queremos é ajudar realmente as pessoas”, diz Kallas. / AP
21 de maio de 2025

A UE ordenou uma revisão ao seu acordo de cooperação com Israel depois de o Reino Unido ter suspendido as negociações comerciais, numa altura em que os países europeus adotam uma posição mais dura em relação ao genocídio em Gaza.

A França renovou o seu compromisso de reconhecer um Estado palestiniano, um dia depois de o Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter reagido furiosamente ao Reino Unido, França e Canadá por ameaçarem tomar medidas contra a ofensiva militar e o bloqueio de Gaza pelo seu país.

A Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, afirmou na terça-feira que "uma forte maioria" dos 27 Estados-membros numa reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros apoiou a medida numa tentativa de pressionar Israel.

"Os países consideram que a situação em Gaza é insustentável, e o que queremos é realmente ajudar as pessoas e... desbloquear a ajuda humanitária para que chegue às pessoas", disse Kallas aos jornalistas.

O impulso para rever o acordo de Associação UE-Israel, que constitui a base para as relações comerciais, cresceu desde que Israel retomou o seu massacre em Gaza após o fim de um cessar-fogo.

Representantes afirmaram que 17 países da UE pressionaram pela revisão ao abrigo de um artigo do acordo que apela ao respeito pelos direitos humanos, com os Países Baixos a liderar esta última iniciativa.

A divisão interna da UE na tomada medida

A UE tem-se dividido entre os países que apoiam Israel e aqueles considerados mais pró-Palestina.

Como sinal destas divisões, com uma decisão particular, a Hungria bloqueou a imposição de mais sanções contra colonos israelitas na Cisjordânia ocupada.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, Maxime Prevot, afirmou não ter "nenhuma dúvida" sobre a violação de direitos em Gaza, e que a revisão poderia levar à suspensão de todo o acordo.

O Reino Unido, entretanto, suspendeu as negociações de livre comércio e convocou o embaixador de Israel. O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Lammy, acusou o governo de Netanyahu de "ações e retóricas escandalosas" relativamente à expansão dos ataques militares no território palestiniano.

Lammy disse ao parlamento britânico que o governo estava a impor novas sanções a indivíduos e organizações envolvidos nos colonatos da Cisjordânia.

"O mundo está a observar, a história vai julgá-los. Bloquear ajuda, expandir a guerra e ignorar as preocupações dos vossos amigos e parceiros. Isto é indefensável e tem de parar", afirmou.

Disse ainda que o Reino Unido iria "rever a cooperação" com Israel no âmbito do chamado Roteiro 2030 para as relações Reino Unido-Israel. "As ações do governo de Netanyahu tornaram isto necessário", afirmou Lammy.

Israel respondeu dizendo que a "pressão externa" não impediria o país de "defender a sua existência e segurança contra inimigos que procuram a sua destruição".

"Se, devido à obsessão anti-Israel e as considerações políticas internas, o governo britânico está disposto a prejudicar a economia britânica — isso é da sua própria responsabilidade", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, Oren Marmorstein, numa declaração.

A França também renovou a sua crítica diplomática a Israel, com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noel Barrot, a reafirmar o compromisso de reconhecer um Estado palestiniano.

"Não podemos deixar às crianças de Gaza um legado de violência e ódio. Por isso, tudo isto tem de parar, e é por isso que estamos determinados a reconhecer um Estado palestiniano", disse Barrot à rádio France Inter.

Massacre israelita

Israel matou mais de 53.600 palestinianos, maioria mulheres e crianças, na sua carnificina até agora em Gaza.

Reduziu a maior parte do enclave a ruínas e deslocou quase toda a população.

O Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de captura em novembro passado para Netanyahu e o seu ex-Ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.

Israel também enfrenta um processo por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça pela sua guerra contra o enclave.

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