POLÍTICA
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Cimeira dos BRICS no Brasil promove a unidade enquanto o mundo lida com a Ucrânia, Gaza e guerras co
Os Ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco de 11 nações - que inclui também o Egito, Etiópia, Índia, Indonésia, Irão, Arábia Saudita, África do Sul e Emirados Árabes Unidos - reúnem-se no Rio de Janeiro para definir a sua agenda.
Cimeira dos BRICS no Brasil promove a unidade enquanto o mundo lida com a Ucrânia, Gaza e guerras co
Reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros dos BRICS no Rio de Janeiro, Brasil, a 28 de abril de 2025. / Reuters
há um dia

O Brasil, que preside ao grupo BRICS de 11 nações, que também inclui a Rússia e a China, apelou a uma cooperação mais estreita à medida que o mundo lida com conflitos na Ucrânia e em Gaza e guerras comerciais sob a administração do Presidente dos EUA, Donald Trump.

Os Ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco reuniram-se no Rio de Janeiro na segunda-feira, quando o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou um cessar-fogo de três dias com a Ucrânia, sendo que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, descreveu a medida como “uma nova tentativa de manipulação”.

“Defendemos a diplomacia em vez do confronto e a cooperação em vez do unilateralismo”, disse o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, aos enviados dos BRICS no Rio.

“O conflito na Ucrânia continua a ter um grave impacto humanitário, destacando a necessidade urgente de uma solução diplomática”, acrescentou.

Os ministros do bloco - que inclui também o Egito, a Etiópia, a Índia, a Indonésia, o Irão, a Arábia Saudita, a África do Sul e os Emirados Árabes Unidos - reuniram-se para definir a sua agenda antes da cimeira de líderes de 6 e 7 de julho.

O grupo tem sido tradicionalmente cauteloso nos seus comentários sobre a guerra na Ucrânia, lançando apelos à paz e evitando condenar as acções da Rússia.

A Rússia é um dos membros fundadores dos BRICS e o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, participou na reunião do Rio de Janeiro.

A reunião ocorreu no início do que os Estados Unidos chamaram de “semana crítica” para as negociações sobre o fim da guerra na Ucrânia.

No fim de semana, Trump pareceu virar-se contra Putin, após um encontro com Zelensky no funeral do Papa Francisco, dizendo que sentia que o líder russo estava “apenas a brincar comigo”.

Ao mesmo tempo, o Presidente dos EUA tem pressionado Kiev a desistir da esperança de recuperar a Crimeia que foi anexada à Rússia.

Retirada total de Gaza

Vieira apelou também a uma "retirada total" das forças israelitas de Gaza.

"O recomeço dos bombardeamentos israelitas e a contínua obstrução à ajuda humanitária são inaceitáveis", afirmou.

Os ministros deverão emitir uma declaração final conjunta na terça-feira, na qual apelarão ao respeito pelo multilateralismo e pelas regras do mercado internacional.

A reunião realizou-se num momento crítico para a economia mundial, depois de o Fundo Monetário Internacional ter reduzido as previsões de crescimento devido ao impacto das tarifas aduaneiras de Trump.

Desde que regressou à Casa Branca, em janeiro, o líder norte-americano impôs a dezenas de países tarifas de 10%, mas a China enfrenta taxas de até 145% sobre muitos produtos.

Pequim respondeu com taxas de 125% sobre os produtos americanos.

Zhao Chenxin, um dos principais responsáveis pelo planeamento económico chinês, afirmou na segunda-feira, em Pequim, que o seu país está do "lado certo da história", face ao que chamou de "unilateralismo e intimidação" de Washington.

Moeda dos BRICS “prematura”

Os BRICS expandiram-se significativamente desde a sua criação em 2009 como um grupo de quatro potências - Brasil, Rússia, Índia e China - que procuravam uma plataforma alternativa às organizações internacionais lideradas pelo Ocidente.

Actualmente, o grupo representa quase metade da população mundial, 39% do PIB mundial e tem peso em questões que vão desde a Ucrânia à Faixa de Gaza e ao comércio mundial.

Esperava-se que o desafio dos BRICS à hegemonia do dólar fosse uma das principais prioridades da agenda que está a ser preparada para julho.

Numa cimeira realizada no ano passado, os membros dos BRICS discutiram o aumento das transacções que não utilizam o dólar, o que provocou uma repreensão rápida por parte de Trump, que os ameaçou com tarifas de 100% se não utilizassem a moeda americana.

Em declarações ao jornal brasileiro O Globo, antes da reunião de segunda-feira, Lavrov, da Rússia, disse que os países dos BRICS planeiam "aumentar a participação das moedas nacionais nas transacções" entre os estados-membros, mas disse que a transição para uma moeda unificada dos BRICS era "prematura".

Mauro Vieira, cujo país foi até agora poupado ao pior da ira comercial de Trump, também negou qualquer plano para criar uma nova moeda.

Espera-se também que as alterações climáticas sejam um dos destaques na declaração final dos ministros.

O Brasil é o anfitrião da conferência sobre o clima COP30 da ONU deste ano, que terá lugar em novembro na cidade de Belém, na Amazónia.

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